O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) passou a madrugada desta quinta-feira (10) dormindo no chão de um plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, em protesto contra o processo de cassação de seu mandato aprovado horas antes pelo Conselho de Ética da Casa. A medida, segundo o parlamentar, marca o início de uma greve de fome, que ele pretende manter até que o plenário delibere sobre seu futuro político.
Glauber está sendo processado disciplinarmente após um episódio ocorrido no ano passado, quando teria agredido um ativista ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) nas dependências do Congresso Nacional. O Conselho de Ética aprovou na quarta-feira (9) o parecer do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomenda a perda do mandato. A decisão final, no entanto, caberá ao plenário da Câmara.
De acordo com relatos de sua equipe, a decisão de iniciar a greve de fome e permanecer na Câmara foi tomada individualmente, sem consulta à bancada do PSOL nem a familiares. A esposa de Glauber, a também deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), foi pega de surpresa. Ela permaneceu ao lado do marido até por volta das 23h, quando precisou deixar o local para cuidar do filho do casal, de três anos.
Durante a madrugada, Glauber esteve acompanhado por quatro assessores e dois apoiadores, que impediram que ele fosse filmado dormindo. Mesmo assim, sua equipe autorizou imagens do local, registradas por jornalistas no plenário por volta das 0h40. Um policial legislativo foi designado para garantir a segurança do grupo durante a noite.
A reunião do Conselho de Ética que aprovou o parecer de cassação foi marcada por protestos e tumultos, tanto dentro quanto fora da sala. Militantes e aliados do deputado se manifestaram contra a decisão, em um clima de forte tensão política. Um dos presentes na sessão foi o ator Marco Nanini, que compareceu ao plenário para demonstrar apoio público a Glauber Braga.
Com a recomendação do Conselho, o processo agora segue para o plenário da Câmara, que deverá decidir, em votação nominal, se acata ou rejeita a cassação. Até lá, o deputado promete continuar em vigília no local. “Só volto para casa quando esse processo for encerrado”, declarou.
A atitude de Glauber reacende debates sobre os limites da atuação parlamentar, liberdade de expressão e conduta ética no Congresso Nacional, em um cenário político já marcado por polarizações intensas.
A expectativa é que a análise final do caso pelo plenário ocorra nas próximas semanas, mas ainda não há uma data definida para a votação.
