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Madrasta condenada pela morte de Bernardo passa para regime semiaberto após 11 anos do crime

Decisão foi proferida pelo 1º Juizado da 2ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre; Graciele Ugulini cumpre pena de 34 anos e sete meses por homicídio quadruplamente qualificado

Graciele Ugulini, condenada em 2019 pela morte do enteado Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, teve a progressão para o regime semiaberto autorizada pela Justiça. A decisão foi proferida pelo 1º Juizado da 2ª Vara de Execuções Criminais (VEC) da Comarca de Porto Alegre. Com isso, a madrasta poderá deixar o presídio durante o dia para trabalhar e retornar à noite.

O crime ocorreu em abril de 2014, em Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul, e completou 11 anos neste mês. Graciele cumpre pena de 34 anos e sete meses de reclusão por homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver. A defesa da ré informou que não irá se manifestar sobre a decisão, que foi publicada na última quinta-feira, dia 17.

O juiz responsável pela execução penal, no entanto, negou o pedido da defesa para que a pena fosse cumprida em prisão domiciliar com monitoramento eletrônico. Determinou ainda que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) providencie a transferência da condenada para um estabelecimento prisional compatível com o novo regime no prazo de cinco dias.

O caso Bernardo

Bernardo Uglione Boldrini desapareceu no dia 4 de abril de 2014. O menino teria dito à avó que passaria a noite na casa de um amigo. Dez dias depois, o corpo foi localizado enterrado em uma cova às margens de um rio, em Frederico Westphalen, em avançado estado de decomposição.

A investigação apontou que Bernardo foi morto por Graciele Ugulini, com o envolvimento do pai, Leandro Boldrini, e da amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz. O trio foi denunciado por homicídio quadruplamente qualificado — por motivo torpe, motivo fútil, uso de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima — e por ocultação de cadáver. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, também foi condenado por participação no crime, por ter ajudado a enterrar o corpo.

Em 2019, os quatro réus foram levados a júri popular em Três Passos. Após cinco dias de julgamento e mais de 50 horas de sessões, todos foram condenados:

  • Graciele Ugulini: 34 anos e sete meses de prisão.
  • Leandro Boldrini: 33 anos e oito meses de prisão.
  • Edelvânia Wirganovicz: 22 anos e 10 meses de prisão.
  • Evandro Wirganovicz: nove anos e seis meses, em regime semiaberto.

A morte de Bernardo chocou o país e gerou forte comoção na época, especialmente pela frieza com que o crime foi cometido e pela omissão do pai, que era médico e mantinha uma imagem pública de dedicação profissional. O menino, segundo relatos, já demonstrava sinais de sofrimento emocional e negligência familiar antes do assassinato.

A progressão de regime de Graciele ocorre em meio a protestos nas redes sociais, onde internautas e entidades ligadas à defesa dos direitos da criança e do adolescente relembram a brutalidade do crime. A promotoria do caso ainda pode recorrer da decisão.

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