PolíciaRio Grande do Sul

Ex-seguidora de “guru espiritual” diz ter presenciado vários casos de “cura gay” na comunidade

A comunidade Osho Rachana, localizada em um sítio de 42 hectares em Viamão, Região Metropolitana de Porto Alegre, está no centro de uma investigação da Polícia Civil por denúncias que incluem tortura psicológica, curandeirismo, estelionato, discriminação e violência física.

O responsável pelo local, Adir Aliatti, de 69 anos, conhecido como o “guru espiritual” do grupo, é apontado como líder de um esquema que teria desviado cerca de R$ 20 milhões para benefício próprio.

Relatos de manipulação e “cura gay”

Ex-moradores descreveram um ambiente de controle e manipulação, onde práticas como a chamada “cura gay” eram realizadas, sobretudo durante a pandemia de Covid-19.

Segundo uma mulher de 30 anos que preferiu não se identificar, pessoas LGBTQIA+ eram incentivadas a se envolver em relacionamentos heterossexuais como parte de uma suposta terapia. “O papo era: ‘não faz sentido você ficar com outra mulher, tem que ficar com um homem'”, relatou a ex-integrante.

O ambiente também era descrito como machista, misógino e racista.

Violência psicológica e física

A ex-moradora também denunciou episódios de agressão, como um caso em que uma participante foi supostamente agredida com uma cinta pelo líder do grupo durante um retiro. A violência teria sido usada como forma de forçar a mulher a “lembrar” de um trauma infantil.

Desvios financeiros e exploração dos seguidores

As investigações apontam que o guru controlava as finanças dos integrantes, incentivando-os a pedir empréstimos e repassar os valores obtidos à comunidade.

Relatos indicam que os participantes viviam em um sistema de trabalho exaustivo, entregando a renda à administração do grupo. Uma ex-moradora relatou ter gasto cerca de R$ 100 mil em terapias oferecidas pela comunidade.

A delegada Jeiselaure de Souza afirmou que o esquema gerou prejuízo de pelo menos R$ 4 milhões nos últimos 12 meses. O dinheiro teria sido usado em viagens de luxo, apostas online e nas empresas pessoais de Aliatti.

Investigação

A operação realizada na última quarta-feira (11) cumpriu mandados de busca e apreensão no local. Mais de 20 pessoas já foram ouvidas, detalhando crimes financeiros, violência física e tortura psicológica. O Ministério Público foi acionado por ex-integrantes, que relataram a coação sofrida ao tentarem sair do grupo ou se recusarem a contribuir financeiramente.

Adir Aliatti nega as acusações e, segundo sua defesa, está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. Ele refuta as alegações, argumentando que “a materialidade dos fatos não se sustenta por falta de elementos”.

A comunidade

Fundada com a promessa de proporcionar uma vida em harmonia com a natureza e baseada em uma filosofia de meditação, a Osho Rachana abrigava até 80 pessoas. Além de tarefas cotidianas e cultivo de produtos orgânicos, comercializavam agendas e cadernos em Porto Alegre. Segundo relatos, o ambiente inicialmente atraiu pessoas interessadas na proposta, mas gradualmente se tornou palco de abusos diversos.

Fonte
com informações do G1Foto: Reprodução/RBS TV

Artigos relacionados

Chamar agora
Fale com a Redação!
Tu comunica, a gente publica. Aqui a tua voz vira notícia. Fala com a gente!
×