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Emendafest: Entenda a operação em 15 pontos

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta (13), a Operação EmendaFest, que apura um esquema de desvios de recursos provenientes de emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery. A investigação aponta que os desvios ultrapassam R$ 500 mil.

A ação, autorizada pelo ministro Flávio Dino, incluiu 11 mandados de busca e apreensão em Brasília e no Rio Grande do Sul, além do afastamento de dois investigados de funções públicas e o bloqueio de valores de contas de pessoas físicas e jurídicas. Entre os crimes apurados estão desvio de recursos públicos, corrupção ativa e passiva.

Apreensões e alvos da operação

Durante a operação, a PF apreendeu R$ 238,2 mil em dinheiro com um dos investigados em Santa Cruz do Sul. No mesmo local, dois celulares foram encontrados escondidos no forro do escritório. Outro alvo tinha R$ 37 mil em espécie e uma quitação de financiamento de R$ 66 mil, realizada em dinheiro. Um terceiro investigado possuía R$ 12 mil escondidos em seu guarda-roupa. Em Brasília, foi apreendido um celular.

Sete pessoas foram alvos da ação, incluindo Lino Furtado, chefe de gabinete do deputado Afonso Motta (PDT-RS), e Cliver André Fiegenbaum, diretor administrativo e financeiro da Metroplan, ambos afastados por ordem judicial. Outros investigados são o superintendente do Hospital Ana Nery, Gilberto Gobbi, o diretor administrativo Célcio da Silveira Junior e o analista financeiro Leandro Diedrich, além de Agnaldo Machado Ferreira e Carlos Danilo Wagner.

Os mandados no Rio Grande do Sul foram cumpridos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Estrela, Lajeado e Rosário do Sul.

Esquema de corrupção e envolvimento de lobista

A investigação teve origem na análise do celular do lobista Cliver Fiegenbaum, que revelou conversas com Lino Rogério da Silva Furtado. Segundo a PF, Furtado negociava desvios de emendas parlamentares em conluio com Fiegenbaum. Um contrato firmado entre o hospital e uma empresa ligada ao lobista previa uma comissão de 6% sobre os valores captados. A PF acredita que essa cláusula era usada para disfarçar o pagamento de propina.

Foram identificados três pagamentos totalizando R$ 509,4 mil, com emissão de notas fiscais fraudulentas. A investigação também aponta para a participação de funcionários do hospital no esquema.

Contrapontos

O Hospital Ana Nery emitiu nota informando que recebeu a operação “com surpresa” e que está colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos. A instituição reforçou seu compromisso com a transparência e a legalidade.

O deputado Afonso Motta declarou que “não é alvo da investigação” e negou qualquer envolvimento no esquema. Ele afirmou que segue confiante na justiça e que seu mandato continuará destinando recursos aos municípios gaúchos.

Já a Metroplan informou que Cliver Fiegenbaum está de férias e que será exonerado, visando garantir imparcialidade na investigação. A entidade frisou que a apuração não tem relação com a atuação do investigado na Metroplan.

Entenda a Operação EmendaFest em 15 pontos:

1- A investigação começa com a análise do celular do lobista Cliver Fiegenbaum, revelando conversas comprometedoras com Lino Rogério, assessor de Afonso Motta (PDT-RS).

2 – Fiegenbaum e Rogério discutem sobre destinar emendas para o Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, em troca de uma comissão ilegal de 6%.

3- A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou que as emendas foram efetivamente encaminhadas para o hospital, corroborando a denúncia inicial.

4 – A Polícia Federal (PF) deflagrou a operação Emendafest, incluindo 11 mandados de busca e apreensão e dois de busca pessoal.

5 – A operação foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacando a existência de “consistentes indícios de desvios de recursos públicos”.

6 – A PF incluiu no processo o bloqueio de bens dos envolvidos e o afastamento de dois funcionários públicos de suas funções.

7 – A investigação aponta que os valores desviados superam R$ 500 mil, supostamente pagos em propina.

8 – Investiga-se também que funcionários do Hospital Ana Nery teriam participado do esquema.

9 – Os três pagamentos totalizando mais de R$ 500 mil tiveram emissão de notas fiscais fraudulentas para a empresa CAF Representação e Intermediação, do lobista.

10 – No total, foram enviados R$ 1 milhão em emendas parlamentares para o Hospital Ana Nery entre 2023 e 2024.

11 – A PF encontrou mais de R$ 250 mil com os alvos da operação durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão.

12 – O Hospital Ana Nery afirmou que está colaborando com as autoridades e reitera seu compromisso com a ética e a legalidade.

13 – Fiegenbaum, diretor administrativo e financeiro da Metroplan, foi afastado de suas funções.

14 – Após a operação, o deputado Afonso Motta se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta, para discutir o caso e a grande repercussão.

15 – Atualmente, ao menos 20 investigações sobre desvios em emendas de senadores e deputados federais estão em curso no STF.

Fonte
Fotos: Divulgação PF

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