
Em 2024, o Ministério da Saúde descartou 10,9 milhões de vacinas com prazos de validade expirados. Esse número, que inclui doses de imunizantes para diversas doenças, aponta um impacto significativo da baixa adesão vacinal. Segundo dados obtidos pelo portal Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI), cerca de 6,4 milhões dessas vacinas eram destinadas à proteção contra a Covid-19, doença que ainda preocupa o país com mais de 5.100 mortes registradas neste ano.
O montante incinerado também incluiu 3,1 milhões de doses da vacina DTP (indicada para difteria, tétano e coqueluche), além de 663 mil doses da vacina contra febre amarela, 342 mil da meningocócica C conjugada e 251 mil da pentavalente. O número de vacinas incineradas pode continuar a crescer, uma vez que o governo federal ainda mantém em estoque outras 12 milhões de doses vencidas, das quais 9 milhões são da vacina Janssen contra a Covid-19, que também aguardam o descarte.
Baixa adesão às campanhas de vacinação
Desde 2016, o Brasil tem registrado uma queda contínua nas taxas de cobertura vacinal, um cenário agravado pela disseminação de informações falsas que promovem desconfiança em relação à eficácia e segurança dos imunizantes. Vacinas fundamentais, como as contra meningite e HPV, têm enfrentado desafios de adesão, com taxas de cobertura em declínio ao longo dos anos. Embora tenha havido uma recuperação parcial em 2023, quando o Brasil saiu da lista dos 20 países com maior número de crianças não vacinadas, o Ministério da Saúde destaca que a desinformação continua a afetar a confiança dos brasileiros nas vacinas, especialmente na de Covid-19.
“A desconfiança sobre a eficácia e segurança dos imunizantes contra a Covid-19 impacta diretamente a adesão da população às campanhas de vacinação,” informou a pasta em nota. Para enfrentar esse problema, o Ministério da Saúde está adotando estratégias para melhorar a eficiência na distribuição das vacinas, incluindo a implementação de cláusulas de troca para lotes próximos à validade, contratos plurianuais para facilitar a gestão dos estoques, monitoramento contínuo e reuniões com laboratórios para ajustar cronogramas de entregas conforme a demanda.
Medidas de prevenção ao desperdício
Para reduzir a perda de imunizantes e otimizar os recursos, o Ministério da Saúde reformulou a forma de aquisição das vacinas contra a Covid-19. Com o novo modelo, a entrega dos imunizantes será parcelada, permitindo uma gestão mais ágil e baseada nas necessidades reais da população. Além disso, haverá possibilidade de troca das doses por versões atualizadas do imunizante, conforme aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Apesar do aumento no descarte de imunizantes vencidos, o Ministério da Saúde assegura que as vacinas continuam disponíveis para toda a população e que a reserva técnica de vacinas é uma prática comum em políticas públicas de saúde em diversos países. Perdas percentuais mínimas são previstas mundialmente para garantir o abastecimento em casos de emergência e variações na demanda.
Essas medidas buscam evitar novos desperdícios e restaurar a confiança da população nos imunizantes, essenciais para a prevenção de doenças e o fortalecimento da saúde pública no Brasil. O Ministério da Saúde reforça a importância da vacinação e continua a combater ativamente a desinformação para aumentar a adesão às campanhas de imunização e preservar a saúde da população.