
A mineradora Taboca, localizada em Presidente Figueiredo (AM), a cerca de 100 quilômetros de Manaus, foi adquirida pela estatal chinesa CNT (China Nonferrous Trade) por US$ 340 milhões, aproximadamente R$ 2 bilhões. A negociação, realizada na última terça-feira (26), transfere 100% das operações da Taboca, até então pertencente à peruana Minsur S.A., para a subsidiária do governo chinês.
Recursos valiosos e implicações estratégicas
A mina da Taboca, situada na área de Pitinga, é uma das mais promissoras do Brasil. Além do estanho, que já coloca a Taboca entre as poucas mineradoras com reservas próprias, a área contém nióbio e tântalo, metais de alto valor estratégico e tecnológico. Esses materiais são usados na fabricação de satélites, foguetes, capacitores e baterias, colocando a mina no centro do interesse de mercados internacionais.
Os resíduos da mina também são ricos em urânio e tório. No entanto, por ser considerado estratégico, o urânio não será explorado, pois sua extração depende de autorização do governo federal.
Visão estratégica da negociação
Em comunicado, a Mineração Taboca destacou que a venda representa uma oportunidade para modernizar suas operações e ampliar sua competitividade no mercado global. “Este novo momento é estratégico e permitirá acesso a tecnologias que vão ampliar a visão e a capacidade produtiva da empresa”, afirmou a mineradora.
Por outro lado, a transferência de controle levanta preocupações quanto à soberania sobre recursos minerais estratégicos do Brasil. O governo do Amazonas, informado sobre a transação no mesmo dia, destacou a relevância da região para o desenvolvimento econômico nos próximos anos.
Impacto geopolítico e econômico
A compra da mina reforça a presença da China no mercado global de minerais críticos, consolidando sua posição em um setor estratégico para a transição energética e o desenvolvimento de tecnologias avançadas. O interesse chinês em nióbio e tântalo ecoa preocupações semelhantes em outras áreas, como a mineração de terras raras, recursos essenciais para baterias e eletrônicos.
Atualmente, o Brasil é um dos principais players mundiais no mercado de nióbio, com a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), em Araxá (MG), liderando a produção. A empresa acredita que o nióbio terá um papel crucial no desenvolvimento de baterias para veículos de grande porte, como caminhões e ônibus elétricos.
Perspectivas para o futuro
A aquisição da Taboca pela CNT ocorre em um momento de crescente interesse por minerais estratégicos na Amazônia. Além de potencializar a competitividade da mineração local, a transação reacende o debate sobre a gestão de recursos naturais do Brasil, equilibrando desenvolvimento econômico e proteção da soberania nacional.
A negociação marca mais um capítulo no papel estratégico do Brasil no mercado global de minerais e nas relações comerciais com a China, fortalecendo a importância da Amazônia como uma região de interesse econômico e geopolítico global.