
O acidente vascular cerebral (AVC), uma das doenças mais fatais do país, ceifa a vida de seis brasileiros por hora, segundo dados alarmantes apresentados pela neurocirurgiã Marcelle Rehem, do Hospital Brasília. Em entrevista ao CB.Saúde, um programa colaborativo entre o jornal Correio e a TV Brasília, a médica destacou os fatores de risco que tornam o AVC a principal causa de óbito no Brasil, além de alertar sobre a crescente incidência da doença entre os jovens. Sedentarismo, tabagismo, e descontrole de condições como hipertensão e diabetes são, segundo ela, algumas das principais causas da doença.
O Que é o AVC?
Existem dois tipos principais de AVC: o hemorrágico e o isquêmico. O primeiro ocorre quando há sangramento dentro do cérebro, geralmente provocado pela ruptura de vasos sanguíneos, e representa cerca de 15% dos casos, sendo especialmente grave pelo aumento rápido da pressão intracraniana. O AVC isquêmico, que corresponde a 85% dos casos, acontece quando o fluxo sanguíneo para uma área do cérebro é bloqueado, causando a morte das células cerebrais por falta de oxigênio. Embora o AVC hemorrágico seja menos comum, ele tende a acometer jovens com mais frequência devido a fatores como aneurismas e tromboses venosas.
Como Prevenir o AVC?
Marcelle enfatizou que a prevenção é a melhor maneira de reduzir a ocorrência do AVC. “Fatores como o tabagismo e o sedentarismo precisam ser combatidos. É imprescindível que as pessoas parem de fumar, pratiquem atividades físicas e controlem doenças crônicas como hipertensão, diabetes e dislipidemia, que é o aumento do colesterol,” explica a especialista. Ela reforça que adotar essas medidas preventivas não é uma questão de idade. “Nunca é tarde para começar a cuidar da saúde. A cessação do tabagismo, por exemplo, traz benefícios imediatos para reduzir o risco de AVC.”
AVC em Jovens: Uma Tendência Preocupante
A médica também alertou sobre um crescimento no número de casos de AVC entre jovens, uma tendência observada mundialmente. Ela atribui essa alta à alimentação ultraprocessada, ao estresse e aos impactos da pandemia de Covid-19, que trouxe complicações vasculares em pessoas de diferentes idades. “A má alimentação e o estresse diário são fatores que aumentam o risco de AVC, e isso se intensificou com a pandemia, que também elevou os casos de trombose venosa e alterações arteriais,” detalha.
Sintomas e a Importância de Agir Rapidamente
O reconhecimento precoce dos sinais de um AVC é crucial. Os sintomas incluem assimetria facial (com a “boca torta”), dificuldade para levantar um lado do corpo, formigamento unilateral, tontura súbita com vômitos e alterações na visão. “É fundamental que, ao primeiro sinal de AVC, o paciente seja levado ao hospital. As primeiras quatro horas são determinantes para o tratamento, aumentando as chances de recuperação e reduzindo os riscos de sequelas graves,” ressalta Marcelle Rehem.
Idade e Fatores de Risco
Embora o AVC seja mais comum entre pessoas acima dos 50 anos, ele pode acometer jovens, especialmente mulheres, devido ao uso de anticoncepcionais e à presença de sobrepeso. A médica também alerta que a desidratação, comum nos períodos mais quentes do ano, pode aumentar o risco de AVC, pois reduz o nível de hidratação do sangue, aumentando as chances de coagulação.
Para reduzir esses riscos, a especialista recomenda o consumo regular de água, que ajuda a manter o sangue hidratado e menos propenso a formar coágulos.
Cuidados e Esperança
Marcelle Rehem finaliza a entrevista com um apelo à conscientização sobre os riscos do AVC e a importância da prevenção. Com uma abordagem cuidadosa e mudanças no estilo de vida, é possível prevenir essa doença devastadora que afeta milhões de brasileiros e causa tantas mortes diariamente.