
O Brasil registrou em 2024 o maior número de mortes em acidentes aéreos dos últimos dez anos, de acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Foram contabilizadas 132 mortes, um aumento significativo em comparação com 2023, que teve 77 fatalidades. Esse crescimento alarmante é atribuído principalmente ao trágico acidente da Voepass, ocorrido em Vinhedo (SP), que resultou na morte de 61 pessoas, entre passageiros e tripulantes.
No total, o ano de 2024 registrou 137 acidentes aéreos no Brasil, dos quais 34 envolveram fatalidades. Embora tenha havido um aumento no número de mortes, o número de ocorrências é inferior ao de 2023, que totalizou 155 acidentes, o maior índice desde 2018. Segundo o Cenipa, as principais causas dos incidentes deste ano foram falhas ou mau funcionamento do motor, excursões de pista e perda de controle das aeronaves.
Retrospectiva da Década e Comparações
Nos últimos anos, o cenário de acidentes aéreos no Brasil tem apresentado variações, mas 2024 destaca-se pelo elevado número de fatalidades. Em 2014, por exemplo, o Cenipa registrou 175 acidentes, sendo 38 deles com mortes, resultando em 83 vítimas fatais. O último ano com um número de mortes elevado havia sido 2016, quando 104 pessoas morreram em 45 ocorrências.
Maurício Pontes, gestor de crises e especialista em investigações aeronáuticas, alertou para a necessidade de se analisar cada acidente individualmente. Segundo ele, os incidentes de 2023 e 2024 não representam uma “epidemia” de acidentes aéreos e não indicam riscos sistemáticos ao transporte aéreo. “Cada um desses casos conta uma história diferente. São eventos isolados, que não indicam que este seja um momento ruim para viajar em uma aeronave”, disse Pontes ao GLOBO no início do ano.
Perspectivas e Preocupações para o Setor
O aumento nas fatalidades reforça a necessidade de aprimoramentos constantes na segurança aeronáutica, desde a manutenção preventiva até o treinamento das equipes. O Cenipa continua investigando os acidentes e recomendações de segurança poderão ser emitidas para minimizar novos riscos.
Para passageiros e especialistas, a sequência de incidentes destaca tanto o avanço nas investigações de segurança quanto a importância de uma vigilância contínua sobre a confiabilidade operacional de aeronaves. A tragédia de Vinhedo, que impactou significativamente o balanço anual, relembra a gravidade que cada falha no sistema aéreo pode ocasionar, principalmente em um setor com altos padrões de segurança e crescente demanda.
Com o número crescente de acidentes e mortes, o setor de aviação no Brasil encerra 2024 com um alerta renovado para o reforço das práticas de segurança, visando a prevenção de tragédias futuras e a garantia da confiança do público no transporte aéreo.