
O Grupo Carrefour, uma das maiores redes de varejo do mundo, emitiu um comunicado nesta terça-feira (26) reafirmando seu compromisso com a carne brasileira após enfrentar boicotes de frigoríficos, bares, restaurantes e hotéis no Brasil.
A polêmica começou na última semana, quando o CEO da empresa, Alexandre Bompard, anunciou a suspensão da compra de carne dos países do Mercosul para abastecer as unidades francesas da rede.
No novo posicionamento, o Carrefour destacou a “alta qualidade” da carne brasileira e afirmou que continuará comprando o produto nacional, como tem feito há quase cinco décadas.
“Temos orgulho de ser o primeiro parceiro e promotor histórico da agricultura brasileira. Conhecemos melhor do que ninguém os padrões que a carne brasileira atende, sua alta qualidade e sabor”, declarou a empresa.
Contexto da crise
A controvérsia teve início em meio a protestos de agricultores franceses contrários ao acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. Em apoio aos produtores locais, Bompard enviou uma carta ao sindicato agrícola FNSEA, anunciando que a rede não compraria mais carne do Mercosul, alegando que o produto não atenderia às normas francesas.
A declaração provocou reações imediatas no Brasil. A embaixada brasileira na França classificou a decisão como baseada em “temores infundados” e defendeu a pecuária nacional. A Apex-Brasil e o Ministério da Agricultura também se manifestaram, enfatizando a qualidade do produto e o cumprimento das rigorosas normas ambientais brasileiras.
Além das respostas diplomáticas, frigoríficos brasileiros suspenderam o fornecimento de carne às lojas do Carrefour no Brasil, intensificando a pressão sobre a rede.
Pedido de desculpas
Em nota, o Carrefour lamentou que sua comunicação inicial tenha sido entendida como um questionamento da parceria com a agricultura brasileira.
O grupo afirmou que a declaração de apoio aos agricultores franceses buscava apenas enfrentar a crise local do setor agrícola, sem intenção de alterar sua estratégia global de abastecimento.
O diretor-presidente da empresa enviou uma carta ao Ministério da Agricultura do Brasil, reconhecendo a qualidade e o respeito às normas da carne brasileira. “Continuaremos a valorizar os setores agrícolas brasileiros, como temos feito no Brasil há quase 50 anos”, pontuou a companhia.